domingo, 12 de abril de 2009

dramatic memories



Lembranças randômicas: Léo





Semana passada todos os dias no trabalho foram dedicados ao ócio!

Isso significa dias inteiros de intensa luta contra o ponteiro do relógio que insiste em permanecer estático.
Saí da sala (onde o ar condicionado fica ligado durante todo o tempo mesmo o clima estando ameno) e fui dar uma volta pela fábrica para ter certeza de que tudo corria conforme os padrões.

Na volta, entrei no vestiário e me deparei com um colega aparentemente abatido e com olhar de total desânimo. Assim que entrei, ele disse:

- É... Acho que vou conversar com o meu chefe e pedir para acertar minhas contas. Quero ir embora daqui.

Eu, com ar de espanto perguntei se algo o estava chateando ou se já tinha alguma nova proposta de emprego em vista, e ele me respondeu olhando bem fundo nos olhos:

- Não! Apenas estou cansado! Emprego eu consigo outro.

Deixei o vestiário perplexo e retornei à sala de reuniões onde eu estava anteriormente. Sentei-me e comecei a refletir sobre o acontecido. Fiquei pensando em como a vida é difícil para algumas pessoas.

O colega em questão, vive com um salário baixo, já é um homem de meia idade sem muitas perspectivas de melhora, pai de dois filhos e pelo que soube, sua esposa tem um comportamento depressivo e vive com os ânimos em constante oscilação.

Tentei afastar este sentimento de pena que me envolveu e logo comecei a pensar na minha própria vida:

- Naquela mesma manhã enquanto me vestia para o trabalho, abri uma das gavetas do guarda-roupas e peguei um par de meias. Não um par de meias qualquer! Eram meias brancas com perfume e maciês que sem o amor da minha mãe, os produtos usados com esta finalidade não teriam resultado algum. Levei aquela "bolinha" de meia próxima ao nariz e respirei fundo. Com lágrimas nos olhos pensei: Obrigado meu Deus! Tenho a melhor mãe do mundo!

Curtia aquela lembrança tão prazerosa, quando minha memória randômica e malingna, voltou mais longe no passado em algum lugar da minha adolescência:

- Estava na sexta ou sétima série do colegial. Eu, juntamente com um grupo formado por outros alunos da minha classe, fomos concluir um trabalho escolar na casa de um dos amigos.
Na verdade eram dois irmãos, Marcos (carinhosamente apelidado de Marquinho) e Matheus.

Quando chegamos até a casa deles, fomos recebidos por Matheus (que era o mais velho) e sua simpática mãe. Marquinho dormia no sofá sem camisa, vestido apenas com um short daqueles bem curtinhos que os jogadores de futebol usavam na década de 80.
Aquela situação me tirou toda a concetração para o trabalho. Eu ficava olhando para aquele corpo tão bem definido! Marquinho exalava virilidade e era tão novinho ainda.

Seu rosto era de um homem já feito e seu sono era tão pesado que nem todo o bate-boca durante o trabalho fez com que acordasse.
Tudo que eu queria naquele momento era ter o poder de paralizar as pessoas em volta para poder acariciar o seu rosto e corpo. Isso me fazia sentir tão infeliz. Era uma batalha entre o desejo e o bom senso.

Eu que já o desejava antes mesmo deste episódio, comecei a me lembrar de que às vezes quando estava só em minha casa, me olhava nú na frente do espelho, estufava a barriga e fingia estar grávido do Marquinho!


Meus devaneios foram interrompidos quando um dos funcionários adentrou a sala de forma estúpida, procurando pelas chaves da sala dos fundos.

Que ousadía, pensei! Interromper minhas lembranças justamente na melhor parte!

Entreguei as chaves a ele e retornei para minha cadeira. Imediatamente recomecei a operação "De volta para o passado" e desta vez me lembrei de como eu era medroso na minha adolescência:

- Certa vez, acompanhei uma amigo até a casa de um outro amigo dele. Eu e o terceiro não tinhamos muitas intimidades e como eu estava em seu território, pus-me apenas a ouvir as conversas entre os dois.
O nome dele era Clinger! Isso mesmo. Não sei onde os pais estavam com a cabeça quando lhe deram este nome ridículo.

Clinger e meu amigo botaram o papo em dia e conversaram sobre diversos temas.
Minha curiosidade foi dispertada quando iniciaram uma profunda discussão sobre o medo.

Meu amigo expôs os seus medos e suas incredulidades e Clinger disse algo que me deixa curiosos até hoje:


- Eu não tenho medo! Já tive muito medo nessa vida, mas hoje não tenho mais.

-Deixei de ter medo quando eu atravessava uma fase muito chata na escola. Eu apanhava dos outros meninos todos os dias. Foi quando numa noite aqui neste mesmo quarto onde conversamos, acordei subitamente e me deparei com um dragão que surgia debaixo da minha cama!

Eu fiquei assustado. Clinger não esboçava aquela expressão comum entre meninos que mentem descaradamente e completou dizendo:

- O dragão me ensinou a lutar e ser forte. Ele apareceu por mais algumas vezes e depois nunca mais voltou. E eu nunca mais apanhei na escola!

Minutos mais tarde, meu amigo e eu deixamos a casa de Clinger. Conversamos sobre diversos assuntos durante o caminho de volta, mas eu não conseguia pensar noutra coisa a não ser no "dragão lutador".
Eu sempre fui um garoto muito medroso. Depois daquele incidente, por várias noites eu conferia debaixo da minha cama antes de deitar. No fundo eu queria que um dragão aparecesse pra mim e me transformasse num homem destemido. Assim como o Clinger.

Mais uma vez fui interrompido! Mas agora era algo muito mais sério do que as chaves da sala do fundo. Era enfim, hora de ir embora!


Deixo vocês com minha amiga de longa data Deborah Cox e sua imperdível It Could've Been You!


Deborah Cox - It Could've Been You

1. The Sound Of My Tears
2. It Could've Been You
3. It Could've Been You (Mass Avenue Main Mix With Rap)

4. It Could've Been You (David Morales Club Mix)

5. It Could've Been You (David Morales Club Mix II)

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